sábado, 4 de julho de 2020

A nossa primeira briga



         As nossas diferenças sempre foram fáceis de se notar, muitas pessoas diziam que nós não teríamos futuro, que não fomos feitos um para o outro. E em muitas vezes, paramos para analisar estas afirmações, e só por Deus que não aceitamos. Nas muitas noites antes de dormir, em minhas orações, perguntava a Deus quais eram os seus propósitos, pois, não conseguia entender. Como que duas pessoas que aparentemente se odeiam, se amam na mesma proporção? Até nos dias atuais, não consigo compreender, creio que apenas aprendi a aceitar, afinal, por mais que tentássemos nos afastar um do outro, acabávamos voltando a ficarmos juntos.
         Em todas as nossas discutições, nos momentos em que ela dormia na casa da sua tia e eu na minha, o perfume de seu corpo se envolvia diante do meu travesseiro, era uma magia incrível, até hoje não consigo entender a proporção dos meus sentimentos por ela. Eu estava e continuo completamente encantado por ela. Se no passado tinha dúvidas se era amor ou uma mera paixão, hoje não possuo mais estas duvidas, até porque, já assumi como fato, ela é sim a mulher da minha vida.
         A nossa primeira briga se decorreu de uma forma grotesca, mas considero como normal, não tinha como evitar o inevitável. Ambos estávamos cobrando a participação do outro em suas vidas. Ela queria que eu a acompanhasse em suas festas noturnas, que eu demonstrasse mais os meus sentimentos, enfim, que eu parasse de escrever bobaseiras nos papeis e que de fato, colocasse as minhas intenções em práticas; que não esperasse que os outros fizessem por mim, o que eu mesmo tenho que fazer. Hoje, com a experiência que possuo, vejo que boa parte das suas cobranças estavam fundamentadas em uma necessidade minha; eu tinha que me libertar, tinha que ter uma presença maior, não poderia continuar vivendo nas sombras dos outros.
         Já as minhas cobranças em cima dela, era para sair deste contexto grotesco imposto por sua família. Queria que ela começasse a acreditar em si própria, que saísse debaixo das assas de sua tia, e que por assim, buscasse uma real independência. Por mais que ela dissesse ser livre, suas atitudes demonstravam o contrário, pois ela tinha medo do amanhã, por isto se limitava ao presente. Lutei muito para que ela notasse a real importância do amanhã, e confesso que ainda luto muito, mas não na intensidade de antigamente.
         Sua tia a tinha como uma verdadeira escrava, sinceramente, questiono se era verdadeiro as suas afirmações que diziam que seus propósitos era de protege-la. Até porque a tia dela a obrigava a administrar a casa dos prazeres, e não se importava com os olhares maliciosos que caiam sobre o corpo de sua sobrinha. Independentemente, não cabe a mim questionar à sua maneira de amar, porém, não é a forma com que costumo demonstrar os meus afetos. Poxa, sua tia, não podia ver nós se abraçando ou algo do tipo, que já mandava a Menina Mulher fazer algo, isto é um dos exemplos do quanto as pessoas tentavam nos separar.


(...) 

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