sexta-feira, 1 de maio de 2020

O inicio: Menina Mulher



Mesmo que seja difícil, posso tentar me descrever. Cresci em um contexto familiar conturbado, onde minha mãe falava mal de meu pai, meus irmãos falavam mal deles próprios e me faziam sentir como um lixo, como se no futuro eu também seria visto como a ovelha negra perante a família.
Por inúmeras vezes me vi só, onde, os poucos amigos que tive na infância, todos foram caracterizados como más influências pelos meus pais. A única amizade que tive, foi a minha imaginação, e por mais que pareça loucura, ela continua sendo o meu refúgio. Comparo as experiências da minha infância como as cicatrizes de um soldado que venceu a guerra. Elas contribuíram para a minha sobrevivência, porém, as sequelas são a enorme frieza que existe em mim. Não vi companheiros de batalhas sendo mortos, é bem pior que isso, vi uma família sendo arruinada por falta de respeito e excesso de bebidas alcoólicas.
Sem saber para onde iria, nem o que faria, dia 02 de outubro de 2011, Deus colocou uma mulher na minha vida. A história deste romance começa da seguinte maneira: Sempre gostei de me isolar, pois, sempre acreditei que na isolação temos a oportunidade de se conhecer mais e mais, aonde, através do silencio, conseguimos de fato ouvir os nossos pensamentos e também, claro, os nossos sentimentos. Também sei a importância do silencio em respeito a não correr o risco de falar bobagens por aí. Como minha velha mãe dizia: “boca fechada não entra mosquito”, ou até mesmo, como o tão conhecido filosofo francês Rousseau, afirma: “Só entende o valor do silêncio quem tem necessidade de calar para não ferir alguém. ”
No dia quatro de setembro de dois mil e onze, tive a felicidade de ter um momento que me favoreceu, nos sentidos de reencontrar-me.  Eu era um jovem inexperiente, na busca insaciável de preencher o vazio da solidão. Muitas ‘zoações’ existiam motivadas a minha inexperiência com as mulheres, sofri muito bullying por ser um rapaz tímido, e um dia qualquer, em um pedido de um amigo ‘garanhão’, saímos no intuito de descontrair e quem sabe tirar esta minha timidez no calor das mulheres. Saímos acompanhados com mais alguns amigos dele, no qual, falando a verdade, não tive vontade alguma de que aqueles estranhos se tornassem meus amigos também. Aqueles “estranhos” demonstravam serem de personalidades diferentes da minha, fiquei muito assustado, repreensível, como se eles fossem monstros e a qualquer minuto eu tivesse que sair correndo para baixo da minha cama. Mas eu não estava em casa, e caso viesse acontecer o que até aquele momento só estava em meus pensamentos, certamente, teria que fazer mil e umas ações para renovar o meu esconderijo.
Nós estávamos indo para um passeio, onde estava os levando com o carro do meu pai. Levei-os para o clube recreativo em que meu pai é sócio e logo em seguida, levei-os até uma cachoeira perto dali. Chegando lá, passei a maior parte do tempo, sentado a margem do rio, visualizando o meu reflexo, e através daquele momento, passei a maior parte do tempo dialogando por pensamento com a imagem que ali estava fixada na água. Após alguns minutos, aconteceu algo que nunca imaginei em toda a minha vida. Aquele momento estava preste a me fazer possuir outros tipos de conceito sobre a forma que vivemos.
       Era a Menina Mulher que jogava areia em minha direção para chamar a minha atenção. Comecei a jogar areia nela também, não com o propósito de brincadeira, mas sim de vingança. Poxa, imaginem só, eu com os meus pensamentos, sabem lá Deus onde, e vem uma estranha qualquer jogando arreia do nada, chega a ser engraçado e ao mesmo tempo irritante, porém, foi deste jeito, naquele período em que a areia se locomovia conforme jogávamos uns aos outros, que estava acontecendo o inesperado, meu peito estava memorizando todos os gestos daquela menina, onde, dentro de mim já existia a certeza: ela era a minha querida e atual escolhida. Tudo parecia coisa de cinema, como aqueles filmes bons de romance, onde quem os produz tem talento para dar e posteriormente, também vender. Desta forma, o meu coração batia aceleradamente, e não controlava mais os meus pensamentos. Era como se aquela Menina Mulher estivesse comandando a minha mente. Era coisas que, só tinha ouvido em histórias pra crianças, jamais imaginei que aconteceria em minha vida. Nossas bocas não pronunciaram uma só palavra, era como se estivéssemos trocando pensamentos e sorrisos. Até os dias atuais, não consigo compreender o como isto aconteceu, minhas justificativas estão direcionadas ao agir de Deus.


(...) Continua...



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