As nossas diferenças sempre foram
fáceis de se notar, muitas pessoas diziam que nós não teríamos futuro, que não
fomos feitos um para o outro. E em muitas vezes, paramos para analisar estas
afirmações, e só por Deus que não aceitamos. Nas muitas noites antes de dormir,
em minhas orações, perguntava a Deus quais eram os seus propósitos, pois, não
conseguia entender. Como que duas pessoas que aparentemente se odeiam, se amam
na mesma proporção? Até nos dias atuais, não consigo compreender, creio que
apenas aprendi a aceitar, afinal, por mais que tentássemos nos afastar um do
outro, acabávamos voltando a ficarmos juntos.
Em todas as nossas discutições, nos
momentos em que ela dormia na casa da sua tia e eu na minha, o perfume de seu
corpo se envolvia diante do meu travesseiro, era uma magia incrível, até hoje
não consigo entender a proporção dos meus sentimentos por ela. Eu estava e
continuo completamente encantado por ela. Se no passado tinha dúvidas se era
amor ou uma mera paixão, hoje não possuo mais estas duvidas, até porque, já
assumi como fato, ela é sim a mulher da minha vida.
A nossa primeira briga se decorreu de
uma forma grotesca, mas considero como normal, não tinha como evitar o
inevitável. Ambos estávamos cobrando a participação do outro em suas vidas. Ela
queria que eu a acompanhasse em suas festas noturnas, que eu demonstrasse mais
os meus sentimentos, enfim, que eu parasse de escrever bobaseiras nos papeis e
que de fato, colocasse as minhas intenções em práticas; que não esperasse que
os outros fizessem por mim, o que eu mesmo tenho que fazer. Hoje, com a
experiência que possuo, vejo que boa parte das suas cobranças estavam fundamentadas
em uma necessidade minha; eu tinha que me libertar, tinha que ter uma presença
maior, não poderia continuar vivendo nas sombras dos outros.
Já as minhas cobranças em cima dela,
era para sair deste contexto grotesco imposto por sua família. Queria que ela
começasse a acreditar em si própria, que saísse debaixo das assas de sua tia, e
que por assim, buscasse uma real independência. Por mais que ela dissesse ser
livre, suas atitudes demonstravam o contrário, pois ela tinha medo do amanhã,
por isto se limitava ao presente. Lutei muito para que ela notasse a real
importância do amanhã, e confesso que ainda luto muito, mas não na intensidade
de antigamente.
Sua tia a tinha como uma verdadeira
escrava, sinceramente, questiono se era verdadeiro as suas afirmações que
diziam que seus propósitos era de protege-la. Até porque a tia dela a obrigava
a administrar a casa dos prazeres, e não se importava com os olhares maliciosos
que caiam sobre o corpo de sua sobrinha. Independentemente, não cabe a mim
questionar à sua maneira de amar, porém, não é a forma com que costumo
demonstrar os meus afetos. Poxa, sua tia, não podia ver nós se abraçando ou
algo do tipo, que já mandava a Menina Mulher fazer algo, isto é um dos exemplos
do quanto as pessoas tentavam nos separar.
(...)
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